O Riscas sempre foi um gato aventureiro. Quando mudámos para uma moradia, criamos um espaço próprio para ele e o Kiko estarem. Tudo em madeira com uma zona fechada e outra aberta, mas vedada com rede para poderem apanhar sol e estarem em segurança. Com o avançar dos anos e o facto de terem começado a ter problemas de saúde decidimos que era boa ideia levá-los para dentro de casa.
Foi visível que adoraram a ideia. Por outro lado, o facto de já não terem acesso à rua da mesma forma, não deixava o Riscas muito feliz. Todos os dias podiam ir às varandas, mas para ele não era o suficiente.
A aventura
Poucos meses depois de se ter mudado para casa, fugiu. O meu primeiro pensamento foi que tinha caído da varanda, apesar de que assim que cheguei ao exterior não o ter visto. A varanda não é muito alta, pelo que achei ele não se teria magoado e teria aproveitado a oportunidade para explorar a vizinhança. Já não era a primeira vez que saía dos muros da casa. Desta vez as horas passaram e ele não voltou nem estava no quintal do vizinho como aconteceu de vezes anteriores.
Foram horas de alguma preocupação. Como saiu de casa de manhã, e à noite ainda não tinha voltado, esperei que no dia seguinte voltasse para comer. Enviei Reiki para que tudo corresse pelo melhor, e de manhã estava deitado em cima da caixa de compostagem que temos no quintal. Como choveu nessa noite estava um pouco molhado. Apesar de termos deixado o espaço exterior, onde ficavam, aberto com água e comida ele não se abrigou lá. Foi lá comer e voltou a sair.
Qual a melhor decisão?
Depois desse dia, ficar em casa não era opção e as varandas não eram o suficiente. Com algum receio deixei o Riscas sair uns dias depois, com vigilância. Repeti mais alguns dias, mas ele não estava nada satisfeito com essas saídas. Como tem que tomar medicação, uns dias depois, após a toma do comprimido deixei-o passear à sua vontade.
Têm sido assim os dias. Algumas vezes volta mais cedo que outras. Como gato aventureiro que é, já voltou com marcas de “encontros imediatos”.
É claro que fico preocupada cada vez que o deixo ir, mas sei que se não o fizer ele irá ficar infeliz. Acredite que ele faz questão de manifestar a sua infelicidade, alto e em bom som. Apesar de morar numa zona quase rural, existe o perigo de encontrar outros gatos que possam não estar castrados, como ele, e as coisas não correrem bem.
Ter um gato feliz
Para mim era mais tranquilo se ele passeasse só no quintal como faz o Kiko, mas para ele isso não basta. Fiquei dividida entre mantê-lo fechado em casa e deixá-lo sair à sua vontade, mas para todos os efeitos o bem estar dele é o mais importante. A questão é que o que eu considero ser o bem estar dele, não é bem o que ele quer. Como aprendi recentemente, os nossos animais são felizes connosco, mas temos que respeitar a sua essência.
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